Mudar de vida ou o modo de ver a vida?

Entenda por que o modo como olhamos a vida a torna mais ou menos satisfatória.

As coisas não são como são, mas como as representamos em nós.

Nossas expectativas, nossas memórias e o valor que conferimos a cada coisa faz a diferença como “vemos” a realidade que nos circunda.

A esses processos nem sempre damos muita importância porque apenas nos indicam o modo como nós funcionamos, entretanto quando somos tomados por angústia ou um sentimento de que nossa vida não tenha muito valor, ou de que alguém nos decepcionou, etc seria importante refletir mais sobre esses filtros com os quais “vemos” a realidade da nossa vida e frequentemente, conscientes ou não, comparamos nossa vida com a de outras pessoas.

Por exemplo, você se vê insatisfeito com o seu carro e começa a se ver planejando trocar, fazer um financiamento ou mesmo fazer uso das suas reservas para adquirir um novo ou um que pareça solucionar o que você vê como problemático. Se isso tudo está à sua disposição você não precisa se preocupar muito, mas quando não, sua angústia e sentimento de impotência ainda se acirram mais.

Perguntas para enxergar melhor a situação

Entretanto, há algumas perguntas que poderiam evitar que você simplesmente se colocasse nessa bifurcação e achasse sua vida tão triste assim. Algumas perguntas que poderiam ajudar você:

• Qual é o real problema do meu carro ou eu o vejo como problemático?

• Ele não está funcionando? Ele está me deixando na mão?

• O tipo de problema que ele apresenta é independente do meu controle ou intervenção?

• Ou eu o vejo como problemático porque ele não atende alguma expectativa além de suas próprias possibilidades de me garantir locomoção? Veja que nesse ponto a função do carro pode ir além da função de garantir transporte, mas pode servir para mostrar status, por exemplo.

O exercício pode prosseguir com outras perguntas, mas talvez o essencial já ficou claro: minha angústia com o carro, ou mesmo com minha vida como mencionamos acima, nem sempre tem a ver com o carro em si, mas com os filtros com os quais observo e o avalio.

Perguntas assim ajudariam você a perceber qual jogo realmente você está jogando com sua vida e quem está realmente dando as regras...

Agora, olhe assim para mais coisas da sua vida

Aplique esse entendimento sobre como você se sente com seu próprio corpo, com seu relacionamento amoroso ou mesmo com seu trabalho atual. Talvez seja possível perceber que o problema não é o que está diante de nós, mas como “vemos” as coisas.

Padre Cleiton Viana da Silva é autor Paulinas de várias obras, em destaque Os laços entre nós. Dicas para superar as crises no matrimônio , Enfrentar as inimizades, conservar a paz. Meditação e oração para tempos de adversidade e Preceitos da serenidade. Viver um dia de cada vez é doutor em teologia moral pela Academia Afonsiana (Roma), professor nesta área na Faculdade Paulo VI (Mogi das Cruzes – SP) e apresenta um programa semanal sobre espiritualidade, fé e saúde mental.