(Leia esse texto como uma carta para você, querido pai ou mãe.)
O sentimento de muitos pais e educadores é de derrota quando o assunto é dialogar com seus filhos ou os jovens em geral. Eles vivem conectados com o mundo, mas não conseguem compartilhar o que pensam e o que sentem com aqueles que estão à sua volta. Como superar essa dificuldade?
Empatia: chave que abre corações
A chave para responder essa pergunta e muitas outras que têm a ver com diálogo, comunicação e compreensão é sempre a EMPATIA. Sem perceber, nós, mais adultos e mais velhos, não costumamos perceber as diferenças entre nós e eles.
Há diferenças de visão de mundo, de história e de autoridade. Você mesmo já se viu em situações com seus próprios pais de não acreditar que eles poderiam entender você: por que agora seria diferente?
É por isso que a empatia, o esforço por se aproximar quanto mais do outro, é tão essencial para o diálogo com os mais jovens.
Como exercitar a empatia com nossos jovens? Sim, é exercício: exige esforço, há momentos que praticamos melhor, há momentos em que nos perdemos. Mas devemos praticar.
No meu livro CORAÇÃO INQUIETO – ZAPS A LUCÍLIO, TIBÚRCIO E EUGÊNIA (Editora Paulinas, 2018) eu sigo quatro passos para alcançarmos essa empatia. Os passos são simples de memorizar, mas exigem bastante atenção e cuidado.
Inquietação: o que os pais precisam identificar
Antes de tudo, para entender os passos preciso conversar sobre uma palavra importante que é um eixo do livro: a inquietação. Não pensa a inquietação apenas como uma pergunta ou uma dúvida que seu filho apresenta a você. Assim, seria muito fácil até.
A inquietação é tudo o que desconcerta o jovem e que nós percebemos não apenas na sua fala, mas principalmente nas suas atitudes. É a birra que ele tem feito, é aquela mudança de humor e de padrão de reações. Como pai ou mãe, a inquietação do filho sempre salta aos olhos, ou toca diretamente o coração de vocês. Essas situações deixam tanto em você como no seu filho o coração inquieto.
Aumentando a conexão com os filhos
Como proceder? Eis os pontos:
Acolha a inquietação. Esse é o ponto mais difícil. Nossa tendência é querer resolver, corrigir, eliminar a inquietação... Quando você levanta uma resistência, a tendência é o outro levantar também suas resistências. Deixa que ele fale, deixa que ele demonstre. Não se coloque como fiscal ou aquele que impede.
Ajude seu filho a desembrulhar a inquietação. A inquietação é muito íntima e frequentemente não sabemos explicar. Não imagine que seu filho simplesmente se recusa a falar, é que falar é sempre difícil. Esse ponto é aquele esforço de ajudar a pessoa. Talvez não seja na primeira tentativa que você vai conseguir entender bem o que se passa. Mas se esses dois momentos forem tranquilos, o diálogo terá condições de continuar em momento mais oportuno.
Iluminar o coração. Esse é o momento em que ele não viu em você obstáculo e que também conseguiu se expressar melhor. Certamente ele vai esperar de você uma palavra, um conselho. Mas, um grande cuidado: seja simples nas palavras, tenha empatia. Faça do seu conselho uma iluminação e não uma humilhação. A luz ilumina, não humilha a escuridão... E aprenda isso: quanto menos você falar, talvez mais ele queira ouvir. Se falar muito, você sai do espaço da empatia.
Provoque o discernimento. Nossa ilusão é pensar que tudo seja daqui vai para ali. As coisas não são lineares, mas fazem muitas curvas e têm encruzilhadas. Não é porque vocês conversaram e ele abriu o coração que tudo vai ser como você pensou. Lembra da empatia?! Ela continua necessária do começo ao fim. Mas há um momento que é bom que você provoque reflexão que ele vai continuar sem você. Ele não vai chegar às conclusões com você...
Provoque que ele revise seu pensamento, suas opiniões. E somente isso: não imponha seu pensamento ou sua visão sobre as coisas. Educar (do latim e – duco: conduzo para fora) é tirar para fora, não é fazer engolir. Provocar o discernimento é chamar à responsabilidade, a conectar pensamentos, decisões e consequências. E isso faz muito bem aos jovens.
Um livro para pais e filhos
Agora, eu provoco você, querido pai ou mãe, como você abordaria com seu filho assuntos na área da sexualidade, preparação para o futuro ou mesmo sobre os próprios conflitos entre você e seu filho? Convido você a visitar a página do livro CORAÇÃO INQUIETO e conhecer um pouco como apliquei esses pontos para discutir esses temas com os jovens.
Forte abraço e que cada vez mais pais e filhos estejam conectados!
Instagram @padrecleitonsilva
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