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Foto do escritorcleiton viana da silva

UMA REFLEXÃO SOBRE A MORTE INESPERADA

Atualizado: 12 de dez. de 2019

Texto redigido em algum 02 de novembro, finados...


Há um tempo, umas pessoas muito queridas partiram para junto de Deus num acidente de carro. A notícia não foi apenas surpreendente, mas inquietante. E confesso que me senti muito abalado. Partilho com vocês algumas coisas que pensei, nem todas foram certas no primeiro momento, mas foram acalmando minha necessidade de entender.

O meu pensamento foi em pelo menos três direções:

A primeira direção foi para Deus, olhar para Ele e perguntar: Onde o Senhor estava que naquele momento não os livrou?! Se rezamos tanto até pelos pecadores e maus, por que não socorreu essas pessoas que tanto conhecemos e amamos e cujas boas obras todos nós as conhecemos bem?

O primeiro sentimento foi este de me questionar onde Deus está quando pessoas boas sofrem, quando pessoas boas enfrentam doenças e injustiças... Porém, conforme refletia sobre isso, também me recordava de numerosos fatos em que acidentes “simples” não cercearam a vida de todos os envolvidos, mas de alguns; de acidentes graves que cercearam a vida de muitos, mas não de todos; também me recordei de pessoas com doenças gravíssimas que venceram e outras faleceram... E quanto mais recordava os inúmeros “desfechos” de situações parecidas, compreendia que a pergunta não poderia ser onde Deus estava... E arrependido, recordava as palavras de Jó: “Falei de coisas que não entendia, de maravilhas que me ultrapassam”... (Jó 42,3b).

A segunda direção foi olhar para nós motoristas: por que vacilamos? Por que frequentemente desobedecemos as leis de trânsito ou não conseguimos com atenção redobrada superar a irresponsabilidade dos outros motoristas? Como aqueles discípulos vendo o sofrimento de um cego (cf. Jo 9,2), também me perguntava sobre quem “pecou” para que isso acontecesse.

É a tendência atual de “moralizarmos a morte” em que nos iludimos atribuindo a causas segundas o mistério da morte. Como na primeira direção, nesta segunda cometemos um engano, porque queremos colocar o mistério do viver e do morrer em nossas próprias mãos. Queremos deter o poder de viver, queremos ser como Deus... E sobre esta direção paira o desejo por um remédio que nos faz adoecer: a ilusão de que, em última análise, viver ou morrer são escolhas do ser humano.

A terceira direção não foi para um Deus “escondido”, num além, nem aos seres humanos zelosos por controlar tudo, mas ao Deus-Homem Crucificado: Jesus Cristo, o Deus verdadeiro, o homem verdadeiro! Dirigindo meu olhar para Ele percebi que o sofrimento não é ausência de Deus porque Aquele que de maneira mais terrível e injusta sofreu o mal era exatamente o Filho único de Deus, mostrando que é Deus que quis se unir “carnalmente” àqueles que sofrem e ai percebi que em todas essas perguntas eu não estava sozinho, mas era Ele que ia me conduzindo nessa reflexão. Mais do que isso, percebi que Ele mesmo se uniu a cada um destes que tanto sofrem... Onde há uma morte “sem sentido”, onde há uma “morte injusta” Ele mesmo quis estar ali e se unir todos nos.

Hoje, dia em que nos dedicamos a rezar e recordar a memória de tantos irmãos falecidos peçamos a Deus serenidade. Não somos capazes de compreender o que significa a morte e talvez nem isso seja o mais importante, mas somos capazes de amar. Amar é condição de superar a morte. O amor tem algo que alimenta nossa esperança de vida e de vencer a morte. O amor de algum modo nos torna eternos. Porque o Amor é eterno...



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