top of page

O que podemos aprender com a desilusão?

Aprenda que a desilusão pode ser uma oportunidade de libertar-se das projeções e das ilusões que criamos.

A experiência da desilusão é sempre arrebatadora: é como ser tirado com violência de onde se acostumou a estar. Se a desilusão é amorosa, ela ainda pode atingir contornos de extrema tristeza porque é próprio do amor lançar luz sobre o futuro. A desilusão amorosa parece fechar o olhar sobre o futuro.


A importância das desilusões

Não parece óbvio, mas em menor ou mesmo em maior grau toda desilusão é libertadora. Melhor que as desilusões viessem em doses homeopáticas, porém ainda que venham em doses cavalares podem trazer grandes aprendizados.

A des-ilusão é sair de uma ilusão. É sair de uma situação sem luz e passar a enxergar as coisas como são. Se é uma desilusão amorosa, é passar a enxergar a pessoa tal como ela é e não como nós a percebíamos.

Nossa percepção pode ser enganada pelos outros ou por nós mesmos. Frequentemente somos nós que projetamos no outro características que são mais desejos nossos do que realidade. A desilusão permite ver as coisas de um modo mais realista.


O que fazer depois da desilusão?

Enfrentar a desilusão não é nada fácil, mas quando bem enfrentada sempre traz uma capacidade de se amar mais e organizar a própria vida de modo mais acertado. Posso sugerir algumas atitudes, mas cabe ao leitor verificar o que mais lhe fará bem:

·       Aceite a desilusão como um presente mal embrulhado, como uma chance de sair das trevas mesmo que o coração esteja em pedaços; é muito comum que a pessoa queira voltar à ilusão. É melhor resistir com a aceitação.

·       Reserve um tempo para se acalmar. Angústia, raiva, ódio e um turbilhão de coisas geralmente substituem o bom senso e a inteligência. Cuidado com esse estado da alma.

·       Assim que possível, visite sua história. Talvez tenha havido alertas antes, pequenos sinais, coisas que já preparavam você para o que enfrenta nesse momento. O que me permitiu me manter na ilusão?

·       Certamente é bom ter apoio. Um amigo e, se possível, um profissional de saúde mental (psicólogo, psicoterapeuta, etc) são de grande importância e não se excluem. Ambos são essenciais para dimensionar o tamanho do estrago e para reorganizar a vida.


Animais racionais que gostam de se enganar

Há um ponto bem delicado que precisamos tocar. Sem querer ser taxativo, parece que nós gostamos de ser enganados. Tenho a impressão de que nossa racionalidade é mais uma busca que um ponto de partida.

Sem nos dar conta, estamos sempre criando expectativas altas ou até irreais. Parecemos não entender que os resultados esperados sempre são alcançados com muito esforço, que nem tudo é tão favorável como gostaríamos e que as outras pessoas são simplesmente pessoas. Nossas expectativas altas ou projeções tendem a nos colocar em grandes encrencas.

É verdade que há pessoas que parecem ser treinadas em nos enganar. Sabem ler nossas expectativas e carências e fingem oferecer aquilo que buscamos. É como uma isca que nos prende a uma encrenca inimaginável. Mas sobre isso podemos falar em outra ocasião.

Finalmente, aqueles conselhos de vó (ou de mãe) nunca saem de moda: ir com calma, observar para ver melhor e desconfiar um pouco nos ajudam a pisar nas situações com mais cautela. É bom considerar cada um deles.


Padre Cleiton Viana da Silva é presbítero da Diocese de Mogi das Cruzes (SP), doutor em teologia moral pela Academia Afonsiana (Roma), mestre em bioética pelo Centro Universitário São Camilo, especialista em marketing e mídias digitais pela FGV, professor de teologia na Faculdade Paulo VI, autor por Editora Paulinas e ministra cursos presenciais e on-line. Conheça seus próximos cursos e atividades. Clique aqui.


Posts recentes

Ver tudo
bottom of page