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ESGOTAMENTO DOS AGENTES DE PASTORAL: O QUE FAZER?

Atualizado: 12 de dez. de 2019

A história de um esgotamento... conhece? João e Maria (*nomes fictícios) durante anos se dedicaram à sua comunidade. Eram ministros, agentes da pastoral do dízimo, atuavam no ECC e ainda colaboravam nos trabalhos com a juventude. Sempre integraram as comissões de festas e eventos da comunidade. Mas, acabaram de se divorciar. A relação deles se tornou insuportável, principalmente depois que o filho mais velho se afundou nas drogas... O conflito deles foi imenso... tanta dedicação às coisas de Deus, mas na sua cabeça sentem que não souberam dedicar-se à própria família. E as acusações recíprocas criaram entre eles um abismo.

A notícia parece exagerada, mas tem aumentado a frequência de agentes de pastorais à beira do colapso. Frequentam assiduamente a comunidade, participam de todas e mais algumas atividades da comunidade, organizam, planejam, executam e programam novas atividades... Parece uma bola de neve a despencar e crescer.

O esgotamento pastoral é experimentado não apenas pelos sacerdotes, mas também por leigos e leigas muito dedicados à vida da Igreja.

Que devemos fazer?

Estou convencido que devemos concentrar mais nossa caminhada pastoral em dois pontos:

A vivência cristã;

A convivência cristã.

O que quero dizer com isso? O central da vida de qualquer cristão é seguir a Cristo, ouvir sua Palavra, recebê-lo nos sacramentos, especialmente a eucaristia e a confissão. Quantos de nossos agentes de pastorais – mas muitas vezes nós padres também! – durante a missa nos concentramos mais em “agora vai entrar o livro da Palavra”, “arruma lá a criança com as flores”, “é agora o canto tal!”. Fazemos tantas coisas PARA A MISSA e não rezamos na missa. Organizamos eventos de Igreja e não rezamos, não deixamos a Palavra de Deus nos interpelar. Ai vem o vazio, o buraco das decepções, o cansaço e principalmente: a negação de que a fé transforme nossa vida. Mas o problema é que fazemos muitas coisas da Igreja, e esquecemos de nos fazer como Igreja.

O segundo ponto é que os trabalhos pastorais muitas vezes deixam de ser convivência cristã. É apenas agrupamento estratégico, planejamento, cobrança, metas... sem falar ainda das tendências de busca pelo poder, pelo aparecer e controlar. Estamos juntos, mas não convivemos como cristãos. Sacrificamos nosso tempo, deixamos de estar com alguns amigos e parentes e não convivemos como cristãos...

Menos pode ser mais, pouco pode ser melhor ainda...

Certamente, um excelente caminho será fazer menos, mas fazer melhor, com mais tempo, com mais atenção, com mais coração. Comprometer-se com menos pastorais...

Do ponto de vista prático, tenho insistido que as pastorais reorganizem-se criando uma espécie de distinção entre seus membros, como na Pastoral da Criança, por exemplo: existem as líderes e os membros apoio; ou como na Legião de Maria que existem os membros ativos e os membros auxiliares. Alguns têm a tarefa de uma organização mais intensa, presença mais dedicada nas escalas, etc. Outros ajudam no quanto podem, às vezes ocasionalmente...

Em nossas comunidades muitos agentes de pastoral estão presentes em várias pastorais e são cobrados como se tivessem que dar 100% igual para cada trabalho que acompanham...

Cuidado com as agendas...

Uma outra coisa é selecionar melhor as datas... Eu evito que em feriado civil sejam marcadas atividades “de Igreja”. Assim não forçamos famílias ou casais a terem conflitos entre dedicar-se à Igreja ou poder ficar um pouco mais em família...

Finalmente, nós padres precisamos ter coragem. Coragem para incentivar nossos agentes a se desacelerarem. Às vezes, somos nós que precisamos dizer que tantas reuniões são humanamente desumanas, que tantos eventos vão levar todos ao esgotamento. É verdade que temos medo de ser chamados de preguiçosos ou pouco dedicados, mas não cabe aos pais justamente dosar o ritmo da vida dos filhos? Somos nós padres que devemos incentivar as comunidades, especialmente suas coordenações, a enxergarem mais o essencial, abrir mais a Bíblia que a agenda, encontrar-se mais na capela que na sala de reuniões.


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