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COM JESUS, CONHECER E VENCER AS TENTAÇÕES: 1º DOM. QUARESMA

Atualizado: 11 de out. de 2021


Como você imagina sua luta contra as tentações? Seria como um jogo de vídeo game em que você precisa vencer várias fases e somente no fim pode conquistar seu prêmio? Não, na luta contra as tentações você não começa de mãos vazias! Lutar contra as tentações não é tentar conquistar, mas conservar... O mal não quer impedir que você alcance algo que não tem, mas ele quer roubar de você o que você já tem.


Na luta contra as tentações não iniciamos de mãos vazias!


Durante homilia na paróquia São Pedro Apóstolo

A luta contra as tentações não é um conquistar, mas conservar; não gira em torno da impecabilidade, mas da fidelidade à graça. É por isso que no texto do evangelho deste domingo (Mt 4,1-11), encontramos Jesus que responde às tentações recordando-se da Aliança entre Deus e o Povo; a cada tentação Jesus responde está escrito (vv 4.7.10).

Jesus não faz um uso mágico da Palavra, mas tem consciência de que na Palavra de Deus está sua promessa de vida. Esse é um ensinamento importante para todos nós. Procuramos ler os Evangelhos, conhecer os livros da bíblia não com a finalidade de memorizar trechos e usá-los conforme a situação exigir de nós.


Procuramos conhecer a Palavra de Deus porque ela é sinal da sua Presença, pois Deus não nos deixa só.


As tentações são falsas soluções

O que são as tentações? As tentações são falsas soluções para as dificuldades e para as aspirações da vida. Vemos isso de três maneiras no evangelho.


A fome se sacia com a partilha, não com mágica

Diante da fome é uma tentação querer transformar pedra em pão. Jesus depois mostrará que a fome só poderá ser superada com a partilha, mesmo que tenhamos apenas cinco pães e dois peixes (cf. Mt 14,17) para alimentar uma multidão. Mas com frequência nós caímos na tentação de imaginar que, tendo mais, faremos mais; imaginávamos que desenvolvimento econômico e tecnológico não haveria mais fome sobre a terra... A fome não se soluciona com o transformar mágico, mas com o partilhar; a fome não é exatamente problema de falta de recursos, mas de reorganização desses recursos.


Rezar com fé não é dar ordens a Deus

A segunda tentação é mais sutil, e frequentemente caímos nela também sem perceber. Frequentemente nos atiramos para baixo exigindo que os anjos de Deus venham em nosso socorro. São aquelas orações “cheias de fé” em que damos as coordenadas a Deus de como Ele deve agir... Você já se viu decepcionado porque Deus não fez tudo como você pediu para Ele?


Justamente por isso, quando Ele não segue as nossas coordenadas começamos a pensar que Ele não nos ama, ou não vê nosso sofrimento... E começamos a duvidar de Deus. Rezar sem pedir sempre “venha o teu Reino, seja feita a tua vontade” (cf. Mt 6,10) pode nos levar, pouco a pouco, a tentar a Deus... Na oração não damos as coordenadas a Deus, mas queremos acolher o seu Projeto.


A riqueza não é pecado, mas sim o culto à injustiça

Muita gente associa riqueza e pecado, como se a bíblia condenasse a riqueza por si mesma. A bíblia não condena a riqueza que é fruto do trabalho árduo, da inteligência e criatividade do homem. A terceira tentação se direciona a outra realidade: idolatrar o mal para conseguir o que se deseja; fazer pacto com a injustiça, com a mentira ou com a violência para alcançar seus objetivos.


A terceira tentação não ataca a possibilidade de ter, mas o perigo de querer ser rei deste mundo adorando a Satanás... Querer reinar – seguir a lógica deste mundo de competição, de rivalidade, de triunfo... de injustiça, de mentiras... – é adorar a Satanás. Valer-se da injustiça para alcançar qualquer coisa é tornar-se adorador de Satanás, mas os discípulos “buscam o Reino e sua justiça” (cf. Mt 6,33). Ter quando é fruto do trabalho justo, ter quando também se está disposto a partilhar não é pecado. Mas valer-se da injustiça será sempre uma forma de “prestar culto a Satanás”. É uma frequente tentação...


Outras tentações a serem vencidas

Se compreendemos essas coisas, podemos olhar para outras tentações do dia-a-dia: são sempre falsas soluções... A mentira parece solucionar, mas cria uma prisão e, às vezes, ser desmascarado faz com que muita gente se sinta “aliviado”... A agressão (física, verbal) parece uma solução, mas sabemos por experiência como só pode piorar as coisas. Uma traição pode parecer solução a um casamento em crise, mas só tende a aumentar as distâncias na vida do casal. Se podemos reconhecer as ofertas de “falsas soluções”, onde encontraremos a força para resistir-lhes?


A primeira coisa e mais importante Jesus já nos ensinou: recordar-se da Promessa de Deus, da sua Presença por meio da sua Palavra. A Palavra de Deus me recorda quem eu sou, o que eu posso ser e o que Deus quer de mim. Alguém somente se sentirá desorientado se esquecer-se dessa Promessa.


Não podemos esquecer que «fortaleza» é virtude humana que cresce com nosso esforço, com nossa perseverança, mas também é dom do Espírito de Deus. Colaboração do homem, e escuta, colaboração e oração, oração para deixar-se conduzir pelo Espírito como Jesus no deserto...


Direção espiritual: um treinamento para fortalecer-se contra as tentações

Finalmente, gostaria de tocar em um assunto essencial para nossa luta contra o mal e as tentações.


O primeiro ponto é a necessidade de uma vida mais intensa de oração, de meditação da Palavra de Deus que vão nos colocando em sintonia com o seu projeto. A vida de fé é mais do que o cumprimento de tabelas sobre pode ou não pode. Frequentemente, me vejo orientando pessoas com muita boa vontade de viver sua fé, mas foram pouco orientadas sobre a liberdade e a necessidade de ser responsáveis.


Por isso, recomendo que você dê uma olhada neste meu livro OUTROS CONSELHOS QUE (NÃO) ME PEDIRAM. É um texto com assuntos variados, mas que giram em torno desses problemas de pouca orientação espiritual que as pessoas recebem. Muitos vão às missas, se confessam, mas não são treinados a refletir sobre os questionamentos que têm em suas vidas. É uma leitura rápida, mas tenho certeza que poderá ajudar muito.


O segundo ponto é a necessidade de ter um diretor espiritual. O diretor espiritual é como um pai na fé, é um educador. A direção espiritual não se busca apenas porque alguém cometeu um pecado, na verdade, a direção espiritual nos ajuda a evitar certos pecados porque nos treina na vida da graça. Neste link, você assistirá um vídeo em que explico melhor sobre a direção espiritual.


Formação da liberdade por meio de boas leituras e direção espiritual são duas coisas essenciais para nosso crescimento como filhos de Deus.

Desejo a vocês boa sorte, e uma santa quaresma.

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