Duas pessoas se amam. Duas pessoas se querem bem. Duas pessoas têm um projeto de vida em comum. Duas pessoas dialogam, mas não se entendem! Como pode ser assim?!
Espero que o parágrafo anterior não seja uma descrição exata do diálogo no seu relacionamento conjugal, ou mesmo familiar, ou ainda no ambiente de trabalho. Porém, para muita gente, acontece algo misterioso. Pessoas que se querem bem e têm um projeto em comum frequentemente não conseguem dialogar.
Diálogo significa compartilhar ou dividir a palavra, compartilhar o pensamento, entrar em comunhão. Mas bem no fundo, dialogar não é nada simples porque é como mergulhar em águas profundas no coração do outro. É mergulho profundo, exige um salto que nos faz superar a segurança da superfície e da superficialidade.
Identifique as barreiras que impedem o diálogo
Quais são as principais barreiras que nos impedem de dialogar? As barreiras podem ser muitas, mas para facilitar, podemos reunir em três grandes grupos: as barreiras das emoções, as barreiras dos preconceitos e as barreiras do apego ao passado.
Às vezes, recebo cônjuges em situação de crise e me relatam: padre, conversamos por quase duas horas e saímos pior do que quando começamos o diálogo. Nessas situações, costumo verificar algumas coisas com os casais: quais foram as emoções envolvidas? Raiva, medo, insegurança, vergonha, orgulho ou desejo de vingança muitas vezes fazem aumentar o volume da conversa. Sim, volume: no sentido do barulho, mas também da quantidade. No seu diálogo com seu cônjuge, o que você identifica como assunto e o que você poderia identificar como barreira das emoções? Tirando as emoções daquela conversa, sobrou o quê?
O segundo tipo de barreira é bastante sutil. São os preconceitos que frequentemente estruturam nosso pensamento. Não me refiro apenas a preconceito étnico, religioso ou de estética. Preconceito é todo rótulo que colocamos nas pessoas e que nos impedem de conhecê-las. O preconceito aparece nesses pensamentos: Fulano/a é igual ao pai/mãe. Fulano sempre apronta, olha só, mais uma vez me vem com uma dessas. O preconceito é como uma ideia fechada que não conseguimos abrir mão: Fulano sabe que comigo é assim, isso não vai mudar mesmo! Ou é assim, ou nada! No último diálogo difícil com seu cônjuge, você consegue perceber preconceitos impedindo a escuta, a livre expressão e acolhida do que o outro tem a dizer?
Uma terceira barreira complicada para um bom diálogo é o apego ao passado, às mágoas passadas, aos ressentimentos. Esse tipo de coisa impede o diálogo porque nos prende ao passado, alimenta sentimento de ser vítima... e toda vítima clama por uma forma de vingança. Às vezes essa vingança vem de maneira suave, sutil, quase nem perceptível. Mas está lá. Impede dar um passo para frente. Ela mistura a emoção e o preconceito e cria em nós uma espécie de evidência: o outro não é capaz de evoluir, não mudou, continuará o mesmo... E eu novamente, terei que sofrer e o passado se repetirá...
Quando um casal consegue distinguir o assunto dessas outras coisas que avolumam a conversa, o diálogo se torna oportunidade de crescimento e de conhecimento recíproco. No próximo diálogo com seu cônjuge, tente analisar: o quanto estamos discutindo o assunto ou problema, o quanto estamos presos às emoções, aos preconceitos ou ao passado? O diálogo é partilha que faz o presente se tornar promissor de um futuro mais consistente.
Outros cuidados importantes: a cama do casal, a oração conjugal e o coração endurecido
No meu livro OUTROS CONSELHOS QUE (NÃO) ME PEDIRAM eu chamo a atenção dos casais para três coisas muito importantes. Primeiro, zelar pela cama do casal: ela deve ser lugar da comunhão, da intimidade, do descanso como será também lugar do testemunho na dor da enfermidade. O que não foi resolvido durante o dia, não será resolvido discutindo antes de dormir. Pelo contrário, os casais devem dormir manifestando ao outro seu amor, seu desejo de vencerem as dificuldades. (Leia no livro o capítulo: Cama do casal: da tortura à comunhão, p. 14ss.)
Outra coisa importante é o casal alimentar-se com a oração. Geralmente pensamos a oração somente como combustível para alcançar o que precisamos, até falamos que a oração nos dá força. Isso é verdade, mas faltam mais coisas. A oração não é apenas combustível, ela abre para nós o caminho, clareia as trevas da falta de entendimento e principalmente reorganiza nosso coração. (Leia no livro o capítulo: Oração matinal do casal, p. 26.)
Finalmente, se o casal souber zelar pela sua cama como lugar da comunhão e fizer da oração um compromisso permanente, não correrão o risco do endurecimento do coração: aquela situação triste e miserável em que os cônjuges se torturam, se maltratam e vivem como se não se amassem porque não conseguem superar as mágoas recíprocas. Deus sempre pode renovar tudo, inclusive colocar um coração de carne onde está um coração de pedra, mas essa obra de Deus leva tempo e exige de nós uma caminhada sincera e perseverante. (Leia no livro o capítulo: Casais em crise, coração endurecido! p. 32ss.)
Assiste uma série de vídeos no Youtube que eu preparei sobre problemas na vida familiar e conjugal. Veja especialmente este vídeo sobre os vícios que atrapalham a vida matrimonial. Será que vocês estão viciados em se maltratar?
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Forte abraço e Deus abençoe!
Boa noite padre, as suas palavras tem total sentido nos momentos que estamos vivendo atualmente com essa pandemia. Há muitos casais necessitando de ajuda, precisam conversar mais, observar no outro sinais que podem prejudicar a vida conjugal, pois muitos casais bem como os filhos entram em crise de ansiedade nesses tempos de quarentena, sem escola, precisando sair para trabalhar, trabalhando em casa enfim qualquer detalhe é importante para combater qualquer crise entre eles e a família e principalmente aprender a rezar juntos, pois quem a Deus entrega sua vida nunca está sozinho. Obrigada padre pelo texto.